domingo, 30 de maio de 2010

Reunião com música


A música sempre o acalmou e tudo de que precisava naquele momento era tranquilidade. Pegou, pois, seu violão. Deixou seus dedos tocarem as cordas, compondo uma melodia qualquer. Insistiu nisso por um tempo, mas ainda não conseguia tirar seu pensamento daquela que fora embora.

Escrever nunca foi seu forte. Na verdade, nunca parou para tentar juntar algumas palavras. As letras de músicas românticas eram bonitas e emocionantes, mas as suas sempre seriam clichês, piegas. Bom, não custava nada tentar.

Papel e caneta em mãos, o violão ao lado. Deixou que apenas seus sentimentos falassem alto; depois, se fosse o caso, cortaria ou editaria algumas frases, certas expressões.

Três estrofes, um refrão, uma melodia. Após um tempo, estava tudo pronto. Cantar para ele mesmo não fazia sentido, mas era o único jeito. Com a porta de seu quarto aparentemente fechada, começou a tocar e cantar, tentando passar tudo o que a letra dizia por meio de sua voz.

Pode até ter ficado razoável de acordo com sua autocrítica, mas aquela pessoa que o havia observado desde o início da música silenciosamente deixava que as lágrimas em seus olhos e o sorriso em seu rosto dessem a resposta esperada.

Ela estava de volta e a músiva os havia reunido. Talvez agora passasse a escrever um pouco mais.



- Indicação de música: Edwin McCain - Write me a song

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Decupagem


Até agora o meu vídeo tem 163704 horas gravadas. É a minha vida, todos os 6821 dias que já vivi. Tudo em ordem, seguindo uma verdadeira linha do tempo.

Preciso decupar esse vídeo, preciso selecionar as melhores partes, elas que importam.

Ok, tudo pronto. Posso começar.

Ali, pode parar o vídeo! Certo, selecionado.

Continuando...

Pronto, agora tenho os melhores momentos da minha vida. Poderia ficar feliz, certo?

Pois é, não fiquei. Acho que não devia ter feito isso.

Não tenho como dividir a minha vida por mais que possa parecer que sim.

Os instantes são vários, eternos, infinitos.

Os acontecimentos...alguns simultâneos.

Considerando o meu "tempo" de vida como uma simples e imaginária/virtual linha do tempo me permite medir todos esses meus 18 anos e mais alguns dias, dessa forma posso tentar fazer uma divisão e uma seleção.

Mas nada disso é real.

Isso é apenas mais um hábito de querer concretizar algo que não tem como ser concretizado.

É, o jeito é deixar toda essa história de decupagem de lado e continuar gravando.



- Indicação de música: Toby Lightman - One Day

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Não se preocupe

Várias ideias, nada registrado. Será que consigo passar tudo para o papel?
Ruídos, caos. Não tenho como me concentrar nesse canto da casa.

Aqui devo conseguir. Silêncio.
Muito silêncio, assim não dá.
Há quanto tempo estou aqui? Horas?

Dois míseros minutos com sensação de horas.
3, 2, 1, aqui vou eu. Pelo menos algo eu tenho que escrever.

Dez minutos com sensação de segundos.
Como isso aconteceu? Mal comecei e já se passou todo esse tempo!
Desisto! O texto não ficou bom.

Bom seria se eu conseguisse colocar tudo o que sinto e/ou penso em palavras.
Pelo visto não consigo. Ou, então, o que escrevo não me satisfaz.
Apago tudo? Apenas edito o que tenho até agora? O lixo é uma boa ideia.

Que melodia é essa? Não me lembro de ter ligado o rádio.
Deve ser tudo fruto da minha imaginação.

Meia hora e, até agora, nada.
E, enquanto isso, tudo acontece lá fora. O que será que eu perdi?

Enfim, perdi o jeito com as palavras que se encontram em minha mente.
Será que amanhã eu consigo? Talvez com uma boa noite de sono, sim.

Nada passou de um sonho.
Aqui está o texto, reduzido de forma que você o entenda.
Se não o fizer, não se preocupe.
Nem sempre nós entendemos o que escrevemos.




- Indicação de música: Chantal Kreviazuk - Time

domingo, 2 de maio de 2010

Mais tarde

Tudo o que ela queria era ter forças para enfrentar sua insegurança, queria ser capaz de não ligar tanto para o que a perturbava no momento.
Dispunha de espaço, de tempo, de música. Não era necessário ter um espelho, não fazia questão de um, mas não questionaria a presença daquele à frente.
Não faria uma coreografia, deixaria que sua imaginação a movimentasse. E assim fez. Saltou, girou, dançou como nunca havia feito. O que sentia era diferente de tudo o que havia sentido antes e só daquela forma tinha a chance de finalmente botar tudo em ordem.
E foi quando parou de dançar que viu o reflexo dele no espelho. Se corresse em sua direção ou se apenas o ignorasse, não tinha jeito, teria que voltar a dançar mais tarde.



- Indicação de música: Anthony Hamilton - Dear Life