sábado, 6 de novembro de 2010

Labirinto

O tempo nos impõe limites.
A vida nos impõe escolhas.
Cansei de viver em um labirinto, onde tudo se parece e os caminhos não me levam a lugar nenhum, volto sempre para onde estava.
Não é uma questão de fugir daqui. Eu gosto desse lugar, é aqui que estão todos os meus amigos, as minhas lembranças, as minhas músicas e as minhas danças, além dos meus textos, das minhas palavras. Talvez elas tenham mais vontade do que eu de sair daqui, porque sempre parecem me abandonar por um tempo, mas acabam retornando, assim como todos nós sempre voltamos para o que nos conforta.
Não que as palavras me confortem, muitas vezes elas me confundem - e muito.
Sei lá, às vezes tudo parece um sonho - ou um pesadelo, tudo depende.
É, tudo depende. Você pode não gostar disso agora, mas quem sabe daqui a um tempo.
Eu quero sair daqui, mas eu também quero ficar.
E você? Já sabe por onde você vai até chegar onde você quer?

- Indicação de música: Mark Salling - Fugitive

sábado, 25 de setembro de 2010

Dez anos

A tecnologia encanta. Eu paro e olho, tudo é resumido a uma pequena máquina, a um micro aparelho. A vida que sempre vimos em três dimensões é redimensionada. Nós fomos redimensionados. Talvez daqui a dez anos você não passará de uma simples imagem no HD externo do meu computador. Talvez daqui a dez anos você nem lembrará que eu existo se não encontrar aquela nossa foto feita com aquela máquina de película. Talvez daqui a dez anos tudo não passará de um simples arquivo dentre as várias pastas que subdividem a sua vida.
Há dez anos nós estávamos juntos, daqui a dez anos poderemos estar lado a lado, porém separados por essa tecnologia tão encantadora.
Há dez anos não poderíamos ao menos imaginar que nossas vidas passariam por uma revolução como essa, que você mudaria tanto a ponto de ficar irreconhecível aos meus olhos.
Dê um tempo na tecnologia e preste atenção ao que realmente tem valor material para você.
Porque talvez daqui a dez anos você não encontrará nem essa pequena caixa onde há dez anos você guardou a nossa foto.


- Indicação de música: JLS - One shot

domingo, 12 de setembro de 2010

Eu queria ser um livro

Eu queria ser um livro.
Queria ser Poliana e aprender a jogar o jogo do contente, quem sabe, assim, eu compreenderia melhor as minhas ações.
Queria ser As Crônicas de Nárnia e desfrutar de um mundo mágico onde o tempo passa de forma muito diferente da realidade que eu vivo e crio todo dia.
Queria ser Alice no País das Maravilhas e encontrar a coragem que se esconde em algum canto do meu ser para que eu pudesse enfrentar os desafios que eu mesma me proponho.
Queria ser O Mundo de Sofia e descobrir novos saberes úteis à filosofia da minha rotina.
Queria ser um bestseller, não importa o gênero. Ser compreendida no mundo todo, ter meu trabalho apreciado.
Na verdade, queria ser poeta e poder manejar as palavras de acordo com o que eu sinto, poder compartilhar o que eu sei que muitos sentem e negam sentir.
Eu queria ser um livro, ter minhas páginas folheadas por uma criança que começa a descobrir a aventura enigmática daquele mar de letrinhas que ela tem pela frente.
Eu queria ser um livro, chorar e rir com a história de alguém que tem muito a acrescentar.
Um livro, apenas isso eu queria ser. De uma livraria luxuosa, de uma biblioteca empoeirada, de um sebo qualquer.
Eu queria ser um livro e saber que sempre haverá alguém para cuidar de mim e entender as minhas palavras confusas, os meus sentimentos mais abstratos.
Eu queria ser um livro.


- Indicação de música: Peter Gabriel - The book of love

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Mudanças

O corte do cabelo, a cor do esmalte, uma roupa, a aparência. Constantemente passamos por pequenas mudanças que, simplesmente, fazem parte de nossas vidas. E, se pararmos para observar, podemos até nos assustar com o que aconteceu com todos nós. O tempo passa e todos nós mudamos, sempre foi assim e continuará a ser assim. Não temos muitas escolhas, a não ser fazer de tudo para que essas mudanças sejam sempre para melhor.
As pessoas mudam, não adianta. Dê seu jeito para (tentar) conciliar tudo.


- Indicação de música: Brandy - Camouflage

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Palavras

Acho que todos já passaram por aquele momento em que você tem em mente exatamente o que quer falar, o que quer dizer, mas não sabe como expor aquilo.
Não conseguem explicar o que está acontecendo ou como funcionará aquele projeto do trabalho, não conseguem dizer que amam alguém.
Por medo, insergurança ou por um simples "branco" que deu naquele momento, deixamos de falar, deixamos de agir. Ficamos paralisados, gaguejamos.
Não adianta, as palavras não saem. Ou, se saem, não o fazem de forma clara, compreensível.
Palavras que nos proporcionam emoções inexplicáveis, que servem para nos fazer seguir em frente.
Palavras, palavras, tudo muito confuso.
Míseras letrinhas que facilitam, mas também complicam bastante a nossa vida.
Você já disse algo hoje?


- Indicação de música: Missy Higgins - Warm whispers

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Alguém batia à porta

A qualquer momento faria um buraco no chão de tanto andar de um lado para o outro. A hora não passava e a ansiedade só aumentava. Estava há anos sem vê-lo, com certeza não saberia reconhecê-lo no meio da rua. Só conseguia se recordar de sua voz, aquela que ouviu poucas vezes durante todo esse tempo em que ficaram separados. Ninguém entendia o porquê de se falarem tão pouco e apenas por telefonemas rápidos, mas, para eles, aquilo bastava. Bastava para lembrá-los que ainda pensavam no outro, bastava para mantê-los ligados de certa forma. Não podiam negar a ansiedade em ver como o outro estava, de sentirem o toque e o carinho do outro.
Alguém batia à porta.

A qualquer momento faria um buraco no chão de tanto andar de um lado para o outro. As horas haviam passado rápidas demais, dias já tinham se passado. Não podiam negar a ansiedade em ver o outro pela última vez, de sentirem o toque e o carinho do outro.
Alguém batia à porta.
Era hora dele voltar.



- Indicação de música: Dave Barnes - Home

domingo, 8 de agosto de 2010

ACITÍLOP

A Copa do Mundo de Futebol, ao coroar a Espanha, abriu espaço para o período eleitoral. Chegou a época de ouvir músicas de candidatos pela rua, de receber inúmeros panfletos, de assistir a propagandas eleitorais em massa. E chegou a época de anunciarem novas candidaturas de personalidades que não demonstram relação nenhuma com a área. As pessoas ainda querem nos dizer que é hora de exercermos nossa cidadania, nosso direito ao voto?
Os panfletos cheios de letras miúdas só faltam mencionar que aquele candidato já foi à Lua. Quem realmente garante que aquilo tudo saiu do papel?
As músicas das campanhas só faltam vir acompanhadas de depoimentos de crianças felizes sobre o candidato. Quem realmente garante que aquilo tudo não é farsa?
As propagandas eleitorais só faltam prometer que vão construir uma linha subterrânea que liga a América ao Oriente Médio. Quem realmente garante que aquilo tudo será feito?
Está tudo ao contrário nesse país que se diz democrático. Se eu não voto, cometo crime eleitoral. Se eu anulo o meu voto, resmungam que assim a situação nunca mudará. Acontece que a maioria vai acabar votando naquele candidato pelo qual tem simpatia e seja o que Deus quiser. Ninguém percebe que as coisas estão do lado avesso.
Bom, acho que não sou eu a pessoa mais certa para mudar alguma coisa.


- Indicação de música: Adam Lambert - Master plan

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Leite, portas e cultura


Ninguém costuma dar valor à própria cultura, muito menos entendê-la e perceber como ela contribui para sua vida. Mas é após assistir à palestra do professor John Knight (professor de inglês e Cultura Americana para alunos estrangeiros da Saint Mary's College, Califórnia) que você começa a notar as "falhas" existentes no seu conhecimento acerca da sua cultura. E tudo fica claro quando ele conta sobre o período em que morou na Alemanha, aos 7 anos de idade.

Ele estava num casamento e, para as crianças, serviram leite morno. Acontece que, segundo John, crianças americanas não gostam de leite morno. E vai além: ele conta que, na Itália, quando os garços souberam desse detalhe, colocaram gelo no copo de leite. E foi quando ele, mais tarde, chegou à Etiópia para passar um tempo dando aula que ele percebeu que o único modo de se tomar leite por lá era se ele fosse fervido. Culturas bem diferentes, não?

Não falo aqui para inferiorizar quem pouco ou nada sabe sobre a própria cultura, porque eu não sou muito diferente. Isso me fez pensar que nós ainda temos que passar por muitas portas e contar e ouvir muitas histórias para conhecermos e entendermos ainda mais.



- Indicação de música: Jason Derulo - The sky's the limit

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Feliz por dançar


Acho que todos já ouviram falar do programa So You Think You Can Dance.

Não deve ser surpresa nenhuma eu falar que sou viciada nesse programa, certo?

Sabe o que me atrai nele?

Além do talento surpreendente dos dançarinos, a paixão que eles mostram pela dança.

Isso chega e me arrepiar e até a me fazer chorar quando eu consigo perceber e sentir todo esse sentimento através das excelentes coreografias que apresentam.

Eu entendo todo o sofrimento deles nos ensaios, para aprender e decorar os passos, para conseguir entrar na contagem da música.

Eu entendo a dor que eles sentem, a força que fazem para que saltem no tempo certo, em sincronia com quem estão dançando.

E uma coisa que me deixou muito feliz essa semana soi saber, através do programa, que a Gatorade reconhecerá, pela primeira vez, a dança como um esporte.

Eu sempre brinquei dizendo que eu só sou boa em esportes se a dança for considerada como um.

Agora acho que não preciso mais optar por isso.

Além disso, me alegra ver que a ideia de uma simples pessoa (tá, do produtor executivo do programa, Nigel Lythgoe) tomou imensas formas.

Foi cogitada a possibilidade de se fazer um Dia Nacional da Dança nos Estados Unidos.

Coreógrafos, artistas, grandes nomes do mundo da dança aderiram à ideia e amanhã serão realizados inúmeros eventos de dança em todo o país, de aulas de dança a flashmobs dos Congressistas em Washington, todos poderão sentir o prazer que a dança oferece.

Eu queria que as coisas fossem assim por aqui, que as pessoas entendessem um pouco mais de dança. Não digo para saberem os nomes dos passos, para entenderem a técnica. Compreender a beleza e a força já basta.

Eu sou feliz por poder dançar. E você?



- Indicação de música: Alana D. - Break it down

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Vozes

Posso parecer louca quando digo isso, mas eu ouço vozes.
Vozes que chamam por meu nome.
Vozes retiradas de vídeos que guardam lembranças da minha infância.
Quero me esconder, não quero correr o risco de várias pessoas presenciarem minhas reações ao ouvir e relembrar essas vozes.
Quero poder dar aquele sorriso bobo quando me lembrar daquele garotinho brincando comigo, quero poder rir quando me lembrar da minha mãe gritando para eu parar de andar sapateando pela casa.
Na verdade, quero sempre poder ouvir essas vozes.
Talvez só assim eu possa deixar toda essa confusão pela qual minha vida passa agora de lado, guardada numa caixa no fundo do armário.
Quero me esconder, mas também quero me achar.
Quero me ver quando criança, quero poder presenciar agora aquele momento de anos atrás.
Quero ver minhas verdadeiras expressões e reações do momento, não as que sobressaíram no vídeo.
Eu quero mesmo é poder sonhar que um dia tudo deixará de ser tão confuso e voltará a ser tão simples como era naquela época.
Quero continuar ouvindo essas vozes que me fazem rir e chorar, não quero que o tempo tire tudo isso de mim.
Vozes, vozes, não me façam parecer louca, apenas feliz.

- Indicação de música: Meiko - Heard it all before